Imposto de Renda 2025: Tudo o que você precisa saber para declarar corretamente

O início do ano marca o momento ideal para começar a organização da declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) 2025. Embora a Receita Federal ainda não tenha divulgado o calendário oficial para a entrega, a previsão é que o prazo seja semelhante ao dos anos anteriores, entre março e maio.

Para evitar problemas com o Fisco e garantir uma declaração precisa, é essencial compreender as regras de obrigatoriedade, os documentos necessários e as possíveis deduções. Neste guia, abordamos tudo o que você precisa saber para declarar corretamente seu imposto de renda e evitar a malha fina.

O que é o Imposto de Renda e por que é importante?

O Imposto de Renda é um tributo federal cobrado anualmente sobre os rendimentos de pessoas físicas e jurídicas. A Receita Federal calcula o valor devido com base nos ganhos de cada contribuinte ao longo do ano anterior, como salários, aluguéis, investimentos, pensões, entre outros. O princípio desse imposto segue a lógica da progressividade: quem ganha mais, paga mais.

O imposto arrecadado, além de ser uma fonte de receita para o Governo Federal, deve financiar áreas essenciais, como saúde, educação, segurança e infraestrutura. Dessa forma, além da obrigação fiscal, a correta declaração do IRPF “contribui para o funcionamento dos serviços públicos no país”.

Quem deve declarar o Imposto de Renda em 2025?

Nem todos os brasileiros precisam declarar o Imposto de Renda. A Receita Federal define anualmente os critérios de obrigatoriedade, que podem sofrer alterações. Embora a Receita Federal ainda não tenha divulgado as regras para 2025, em 2024, quem se enquadrava nos seguintes critérios precisava declarar:

  • Receberam rendimentos tributáveis acima de R$ 30.639,90 em 2023, incluindo salários, aposentadorias e aluguéis;
  • Obtiveram rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte acima de R$ 200 mil (como FGTS, seguro-desemprego e heranças);
  • Realizaram operações na Bolsa de Valores;
  • Tiveram ganho de capital na venda de bens ou direitos;
  • Possuíam bens e direitos acima de R$ 800 mil em 31 de dezembro de 2023;
  • Obtiveram receita bruta superior a R$ 153 mil em atividade rural;
  • Passaram a morar no Brasil em 2023.

Caso os critérios sejam mantidos, é importante conferir se você se enquadra na obrigatoriedade e se preparar para declarar dentro do prazo estabelecido pela Receita Federal.

Quem está isento da declaração do IRPF?

Alguns grupos de contribuintes não precisam declarar o Imposto de Renda. Além daqueles que receberam menos de R$ 30.639,90 em rendimentos tributáveis no ano anterior, aposentados ou pensionistas diagnosticados com doenças graves também podem solicitar isenção. Essas doenças, listadas na Lei nº 7.713/88, incluem:

  • Esclerose múltipla
  • Neoplasia maligna (câncer)
  • Doença de Parkinson
  • Cardiopatia grave
  • Cegueira
  • Hanseníase
  • Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), entre outras.

Para garantir a isenção, é necessário apresentar um laudo médico oficial que comprove a condição de saúde.

Outro ponto relevante é a proposta do governo federal para aumentar a faixa de isenção do IRPF para quem recebe até R$ 5 mil por mês. No entanto, o governo ainda não aprovou essa mudança e, se entrar em vigor, ela valerá somente a partir de 2026.

Documentos necessários para declarar o IRPF

Para evitar problemas e atrasos no momento de preencher a declaração, é importante reunir os seguintes documentos antecipadamente:

  1. Informes de Rendimentos – fornecidos por empregadores, bancos e corretoras de investimentos.
  2. Comprovantes de despesas médicas e educacionais – recibos, notas fiscais e extratos de pagamento.
  3. Comprovantes de pagamento de previdência privada e pensão alimentícia – se aplicável.
  4. Documentação de bens e direitos – escrituras de imóveis, documentos de veículos e extratos bancários.
  5. Comprovantes de doações e contribuições a projetos incentivados – utilizados para dedução no imposto.

A organização desses documentos é fundamental para evitar erros e omissões, reduzindo o risco de cair na malha fina.

Como fazer a declaração do Imposto de Renda 2025?

A declaração do IRPF pode ser feita de três formas:

  1. Programa do Imposto de Renda – disponível para computadores com sistemas Windows, MacOS e Linux.
  2. Aplicativo da Receita Federal – para dispositivos Android e iOS.
  3. Portal e-CAC (Centro Virtual de Atendimento da Receita Federal) – acessível pelo site oficial da Receita.

A Receita Federal também disponibiliza a declaração pré-preenchida, que facilita o processo ao importar automaticamente os dados do ano anterior e informações fornecidas por fontes pagadoras. Para acessá-la, o contribuinte precisa ter uma conta no gov.br nível prata ou ouro.

Na hora de declarar, é preciso escolher entre declaração completa ou simplificada. A opção simplificada aplica um desconto padrão de 20% sobre os rendimentos, limitado a R$ 16.754,34, enquanto a completa permite deduzir despesas médicas, educacionais e previdenciárias, sendo mais vantajosa para quem tem muitas despesas dedutíveis.

O próprio sistema da Receita Federal ajuda a identificar qual modelo oferece maior benefício.

O que acontece se eu perder o prazo da declaração?

Se o contribuinte não entregar a declaração dentro do prazo estipulado, a Receita Federal aplicará uma multa de 1% ao mês sobre o imposto devido. O valor mínimo da multa é de R$ 165,74, podendo chegar até 20% do imposto devido.

Além disso, a situação pode gerar complicações fiscais, como restrições no CPF, dificuldades para obter financiamentos e até problemas com a Justiça, caso a Receita entenda que houve intenção de sonegação.

Restituição do Imposto de Renda: quem tem direito e como receber?

A restituição do Imposto de Renda ocorre quando o contribuinte pagou mais imposto do que deveria ao longo do ano, seja por retenção na fonte (descontos no salário) ou por pagamentos a mais.

A Receita Federal calcula automaticamente a restituição, considerando os rendimentos declarados, as deduções aplicáveis e os impostos já pagos. Caso o resultado seja um saldo positivo para o contribuinte, ele terá direito ao reembolso.

Os valores são pagos em lotes mensais, geralmente entre maio e setembro, seguindo esta ordem de prioridade:

  1. Idosos com mais de 60 anos, especialmente acima de 80 anos.
  2. Contribuintes com deficiência ou doença grave.
  3. Professores cuja principal fonte de renda seja o magistério.
  4. Demais contribuintes, conforme a data de entrega da declaração.

Quem declara mais cedo tem mais chances de receber nos primeiros lotes, especialmente se não houver pendências na declaração.

Deduções permitidas no IRPF para reduzir o imposto a pagar

Utilizar as deduções permitidas pela Receita Federal é uma das melhores formas de reduzir o imposto devido. Elas diminuem a base de cálculo do IRPF, reduzindo o valor a pagar ou aumentando a restituição.

Entre as principais despesas dedutíveis, estão:

  • Saúde: gastos médicos, consultas, exames, internações e planos de saúde, sem limite de valor.
  • Educação: mensalidades escolares de ensino infantil, fundamental, médio, técnico e superior (incluindo pós-graduação), limitadas a R$ 3.561,50 por dependente.
  • Dependentes: dedução fixa de R$ 2.275,08 por dependente.
  • Previdência privada: até 12% da renda tributável pode ser deduzida para quem contribui para planos do tipo PGBL.
  • Pensão alimentícia: desde que seja determinada por decisão judicial.
  • Doações incentivadas: contribuições a projetos culturais, esportivos, de saúde e educação podem ser deduzidas dentro dos limites estabelecidos pela legislação.

Para quem possui muitas despesas dedutíveis, optar pela declaração completa pode ser mais vantajoso do que o modelo simplificado, que aplica um desconto padrão de 20% sobre os rendimentos tributáveis.

Como evitar a malha fina e erros na declaração?

Cair na malha fina significa que a Receita Federal reteve a declaração do contribuinte para análise devido a inconsistências ou suspeitas de erro. Entre os principais motivos para isso acontecer, estão:

  • Informações incorretas ou incompletas sobre rendimentos e bens.
  • Divergências entre os valores declarados e os informados por empresas, bancos e fontes pagadoras.
  • Despesas médicas incompatíveis com a renda ou sem comprovação adequada.
  • Omissão de rendimentos próprios ou de dependentes.
  • Erros no preenchimento de dados bancários para restituição.

Para evitar problemas, siga estas recomendações:

  • Revise todos os valores antes de enviar a declaração.
  • Guarde recibos e documentos fiscais por pelo menos 5 anos.
  • Use a declaração pré-preenchida para reduzir erros.
  • Verifique seu CPF no e-CAC para acompanhar a situação da declaração.

Caso a Receita detecte erros, o contribuinte pode retificar a declaração antes de ser notificado, evitando penalidades.

Declaração do Imposto de Renda para MEI e investidores

Empreendedores e investidores precisam ficar atentos às regras específicas para a declaração do IRPF.

MEI (Microempreendedor Individual)

O MEI tem um regime tributário simplificado, mas pode precisar declarar o IRPF caso tenha obtido rendimentos acima do limite de isenção. Para isso, deve calcular a parcela isenta de seu faturamento com base nas regras abaixo:

  • 8% para comércio, indústria e transporte de carga.
  • 16% para transporte de passageiros.
  • 32% para serviços em geral.

O valor que exceder essa parcela deve ser declarado como rendimento tributável no IRPF. Além disso, o MEI deve entregar a Declaração Anual do Simples Nacional (DASN-SIMEI) separadamente.

Investidores

Quem investe na Bolsa de Valores, criptomoedas ou renda fixa precisa prestar contas à Receita Federal. As principais regras são:

  • Operações na Bolsa de Valores precisam ser informadas, independentemente do valor negociado.
  • Lucros com ações abaixo de R$ 20 mil por mês são isentos de imposto, mas devem ser declarados.
  • Ganhos com criptomoedas acima de R$ 5 mil por mês devem ser informados.

A não declaração pode gerar multas e problemas com o Fisco.

Como corrigir erros na declaração do Imposto de Renda?

Se o contribuinte perceber um erro após o envio da declaração, é possível corrigi-lo sem precisar pagar multas ou juros. Basta fazer a declaração retificadora e enviá-la pelo próprio programa da Receita Federal.

Os passos para corrigir são:

  1. Acessar o programa do IRPF ou o e-CAC.
  2. Abrir a declaração enviada e selecionar a opção de retificação.
  3. Corrigir os dados necessários e reenviar a declaração.

Se o contribuinte corrigir o erro antes de a Receita identificá-lo, evitará maiores complicações.

Leia também o artigo: Planejamento Anual: Lições Aprendidas em 2024 e O Que Aplicar em Sua Empresa em 2025

Conclusão: organize-se para declarar o IRPF sem problemas

A declaração do Imposto de Renda 2025 exige atenção e planejamento. Reunir os documentos necessários, revisar os dados antes do envio e ficar atento aos prazos ajudam a evitar problemas com a Receita Federal.

Além disso, aproveitar deduções permitidas pode reduzir o imposto devido ou aumentar a restituição. Quem declara mais cedo também tem mais chances de receber nos primeiros lotes.

Se ainda tiver dúvidas ou precisar de auxílio, contar com um contador ou especialista tributário pode facilitar o processo e garantir que tudo esteja correto.

Agora que você tem todas as informações, prepare-se e declare seu IRPF sem complicações!